Português
Gamereactor
análises
Dishonored 2

Dishonored 2

Um novo candidato a Jogo do Ano emergiu sorrateiramente das sombras.

HQ
HQ

preciso dar crédito à Arkane Studios pela forma como construíram um jogo capaz de oferecer tantos estilos de jogo e possibilidades. Podem ser violentos e brutos, ou violentos e criativos. Podem ser furtivos e letais, ou furtivos e misericordiosos. Podem ser mestres de armas e armadilhas, ou peritos do oculto e do fantástico. As ferramentas estão lá, cabe ao jogador decidir como as utilizar.

Estas escolhas já faziam parte do ADN do primeiro Dishonored, e nesta sequela foram reforçadas com ainda mais opções, a começar pela decisão mais importante do jogo - a personagem. Desta vez podem escolher jogar com Corvo Attano, o protagonista do primeiro jogo, ou Emily Kaldwin, a jovem filha da Imperatriz e do próprio Corvo, que entretanto cresceu para se tornar também ela numa agente mortífera. Ambos apresentam capacidades diferentes, mas podem cumprir todos os estilos de jogo. Enquanto Corvo mantém muitas das capacidades do Dishonored original, Emily apresenta várias possibilidades novas e fascinantes, mas não nos parece que uma personagem seja melhor que a outra, apenas diferente.

Ao olharem para esta análise e respetiva nota, devem considerar que na nossa opinião, Dishonored foi um dos jogos mais atmosféricos e brilhantes da última geração, por isso devem levar esse contexto em conta se não gostaram de Dishonored. O anterior passou-se sobretudo na cidade de Dunwall. Deprimente, decadente, e vincadamente steampunk, essa cidade deu lugar a Karnaca, onde decorre Dishonored 2. Em vez da peste de ratos que se alastrou por Dunwall, aqui vão encontrar uma cidade mais limpa, embora a braços com uma infestação de mosquitos mortíferos. Por baixo da arquitetura magnífica esconde-se uma cidade que sofre de grave desigualdade social e os conflitos resultantes. É uma cidade bela, mas em declínio, com uma separação cada vez mais vincada entre os que têm tudo, e os que não têm nada.

Publicidade:

Corvo e Emily viajam ambos para Karnaca para caçarem um assassino, e para chegarem a este alvo terão de interagir e conhecer outras personagens. Como no primeiro jogo, podem optar por um estilo letal ou não letal, e isso aplica-se às personagens chave. A Arkane fez questão de inserir os dois tipos de jogo em contexto com a estória, e a decisão não se resume normalmente a poupar ou não uma vida, mas a ter uma perspetiva diferente na situação.

Como no anterior, tudo é visto através da primeira pessoa, e um menu em círculo permite aceder facilmente aos poderes, armas, e acessórios do inventário. Terão acesso a espadas e a uma pistola, mas a arma mais eficaz será novamente a besta, que inclui uma série de opções táticas na forma de vários tipos de flechas. O combate direto é desafiante, e embora uma defesa no tempo certo deixe os inimigos indefesos durante alguns momentos, se forem inundados por vários inimigos terão dificuldades. Existe uma variedade razoável de oponentes que vão encontrar e que exigem abordagens diferentes, desde soldados rasos a bruxas com poderes mágicos. Também existem minas para prepararem o terreno a vosso favor, além de outros explosivos que podem resolver uma situação problemática. Quanto a poderes, o famoso "Blink" de Corvo está de regresso, permitindo-lhe deslocar-se com facilidade e rapidez por várias plataformas, tanto horizontalmente, como verticalmente. Emily tem uma variante chamada Far Reach, e ambos conseguem navegar o mapa com extrema facilidade.

Como no anterior, terão de usar runas mágicas para desbloquearem os poderes místicos de cada personagem. Um dos acessórios que carregam é um coração mecânico que pulsa na direção de runas e outros objetos, permitindo identificar a sua posição. Existe uma lista impressionante de habilidades para escolher, se optarem por evoluir o lado sobrenatural de Corvo ou Emily, desde abrandar o tempo, ver através das paredes, possuir corpos, ou ligar o destino de duas personagens (se uma sofrer dano ou morrer, a outra sofre o mesmo). Mais impressionante ainda é a facilidade com que podem combinar habilidades, e se realmente explorarem as capacidades do que é possível, podem criar situações altamente criativas e satisfatórias.

As capacidades de Emily e Corvo também podem ser melhoradas de outras formas, utilizando amuletos de ossos que estão escondidos no cenário. Estes amuletos permitem evoluir outras características das personagens, como a velocidade a que se deslocam com armas equipadas, ou a quantidade de dano que sofrem, mas só podem ter alguns amuletos ativados ao mesmo tempo. Mais um sistema que permite personalizar o tipo de personagem que estão a controlar.

Publicidade:
HQ

Continua na página seguinte

HQ

Vale a pena explorar o mundo de Dishonored 2 pelos vários colecionáveis e segredos que esconde, mas não só. Karnaca é uma cidade impressionante, construída com um nível de detalhe que é muito raro nos videojogos. Para o jogador interessado existem vários pósteres, situações, cartas, e jornais que ajudam a pintar o contexto do jogo e da cidade. E felizmente, a Arkane Studios resistiu à tentação de saturar o mapa com colecionáveis, deixando a exploração surgir de forma natural e satisfatória. Karnaca é um trabalho de arte magnífico, com uma arquitectura encantadora, pinturas lindíssimas nas paredes, e um estilo sem paralelo na indústria de videojogos. A Arkhane Studios criou algo muito peculiar e único com esta saga, algo que é só seu, e é por isso muito refrescante de apreciar.

Em termos estéticos já referimos como o mundo de Dishonored é impressionante, mas também o é ao nível do design. O jogo foi desenhado para acomodar várias rotas, abordagens, e verticalidades. Mais impressionante ainda são alguns dos níveis que vão experimentar, mas sobre os quais não nos podemos alongar muito para não estragarmos o prazer e o brilhantismo do que vão encontrar. Existe um edifício em particular onde tudo muda em tempo real, incluindo os móveis e as paredes, e o jogador tem de se adaptar ao que está a acontecer. É brilhante, mas é algo que têm de experienciar vocês mesmos - não vos vamos estragar o prazer de descobrirem estas gemas de design ao contarmos tudo.

A estória em si também se vai adaptar, mas às decisões do jogador. A personagem, o estilo de jogo, e outras escolhas, acabam por moldar o progresso narrativo. No final terão um resumo de como as vossas ações e decisões afetaram o rumo dos acontecimentos. Se há uma falha real que temos de apontar a Dishonored 2, é alguma falta de espaço para que a estória e as personagens pudessem crescer ainda mais. Enquanto já conhecemos Corvo, e o seu progresso é natural durante o jogo, não estamos tão familiares com Emily, e gostaríamos de ter conhecido melhor a sua estória (além do que já sabemos do primeiro jogo).

Numa perspetiva mais técnica, não encontrámos problemas de maior com Dishonored 2, mas temos de relatar o que têm sido as várias queixas de outros jogadores. Jogámos a versão PC, e não encontrámos nada fora do comum ou grave, mas existem relatos de framerate inconstante, crashes, e ocorrências semelhantes. Esperemos que a Bethesda seja lesta a resolver estas questões. Quanto ao departamento sonoro, mantém a grande qualidade que já tinha apresentado no jogo anterior, embora por vezes possa ser difícil perceber se um inimigo está no mesmo andar que nós, ou no de cima.

Dishonored 2 é um jogo que tem tantas camadas a funcionarem umas em cima das outras, que é impressionante como a Arkane conseguiu juntar isso tudo numa experiência imersiva e coesa. Mais, é um jogo que pega nessas mecânicas e possibilidades e não as tenta esconder através de restrições, mas antes pede ao jogador que seja criativo e explore as suas capacidades. Quanto à longevidade, esperem algo acima das 30 horas, além de muitos motivos para repetir a campanha - embora a ausência de um New Game+ tenha sido algo desapontante.

A Arkane Sudios criou uma obra prima de ação furtiva, exploração, e criatividade, e é facilmente um dos grandes jogos de 2016. Dishonored foi um jogo soberbo, e esta sequela faz jus a esse legado, acrescentando ainda mais camadas e possibilidades ao que já era uma base muito rica. O estilo de arte é espantoso, o design dos níveis é brilhante, e a atmosfera única que o jogo respira distingui-o de todos os outros. Na nossa opinião, não se fazem muitos jogos melhores que este.

Dishonored 2Dishonored 2Dishonored 2
Dishonored 2Dishonored 2Dishonored 2
10 Gamereactor Portugal
10 / 10
+
Mundo de jogo lindo e detalhado. Estória empolgante. Variedade de habilidades brilhantes que podem combinar de forma criativa. Muito valor de repetição.
-
Desenvolvimento das personagens e da estória beneficiaria de mais tempo. Alguns problemas técnicos.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

Textos relacionados

0
Dishonored 2Score

Dishonored 2

ANÁLISE. Escrito por Mike Holmes

Um novo candidato a Jogo do Ano emergiu sorrateiramente das sombras.



A carregar o conteúdo seguinte