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Resident Evil 7: Biohazard

Resident Evil 7: Biohazard

Um regresso triunfante - e arrepiante - de Resident Evil.

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Resident Evil é um dos grandes clássicos de terror, e as suas variadas sequelas deram-nos alguns dos melhores jogos de sempre - sobretudo o quarto capítulo. Contudo, com Resident Evil 6 a Capcom mostrou ter perdido toda a identidade da saga. Já não era um jogo subtil, assustador, e de sobrevivência, mas um festival de ação explosiva e absurda. As muitas críticas que se reuniram em torno do jogo foram um sinal de alarme para a Capcom, que decidiu implementar mudanças radicais para Resident Evil 7: Biohazard. A ação passou para a primeira pessoa, o terror voltou a ser o centro da experiência, e a sobrevivência é o principal objetivo do jogador.

Até a estória e o ambiente sofreram drásticas alterações, mas não podemos falar muito do enredo sem estragarmos surpresas, por isso vamos ser um pouco vagos e objetivos neste ponto. Os jogadores vão controlar Ethan, um tipo normal que está à procura da sua mulher, presumivelmente morta há três anos. Ethan recebeu cassetes de vídeo que mostram a sua esposa aparentemente viva, e então decide investigar a sua origem. Esta busca leva-o até à casa da família Baker, e é aqui que se instala o terror. A 'casa' não é uma pequena casa, mas um complexo gigantesco na forma de uma plantação. Existe muito para explorar em Resident Evil 7, incluindo inúmeras salas secretas e passagens escondidas, e Ethan terá de atravessar tudo isto se quiser descobrir a verdade.

Os eventos de Resident Evil 7 passam-se ao longo de uma noite, a desculpa perfeita para a Capcom brincar com várias técnicas de iluminação e sombra. Este é um jogo escuro, sombrio, e opressivo, que consegue criar tensão graças ao excelente design visual e sonoro, mas mais importante que isso, não tenta assustar o jogador com saltos baratos. Os sustos que o jogo tenta criar são muito espaçados e eficazes, de tal forma que não conseguimos conter algumas reações genuinamente assustadas. O som é também muito importante, já que a maioria do que vão ouvir ao longo do jogo são os passos de Ethan - e quando ouvem algo mais, é assustador.

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Nas primeiras horas de jogo Resident Evil 7 é sobretudo um jogo de exploração e escondidas. Ethan está bastante vulnerável, e tudo fará para evitar a assustadora família Baker. Contudo, eventualmente vão começar a apanhar ervas, armas, munições, e acessórios - tudo organizado através do inevitável inventário. O espaço é limitado, e à semelhança do que acontecia nos melhores capítulos da saga, terão de fazer compromissos sobre o que vão manter e o que vão deixar para trás. Felizmente existem baús espalhados pelo jogo que podem usar para armazenar itens, mas terão de os procurar.

Um elemento que adorámos ver de volta envolve os puzzles, puzzles que obrigam à interação e à procura de objetos. É uma mecânica clássica de Resident Evil, que não se limita aos puzzles e às secções principais. Existem muitos segredos no jogo, e se os quiserem descobrir a todos terão de caminhar imenso para a frente e para trás.

A mudança para a perspetiva na primeira pessoa terá sido a decisão mais importante e controversa que a Capcom tomou, mas a verdade é que acrescenta todo um novo sentido de imersão ao jogo. Resident Evil 7 não é um típico jogo de ação na primeira pessoa, mas um jogo de terror na primeira pessoa. Embora a produção de Resident Evil 7 tenha começado antes disso, a verdade é que vários outros jogos já nos mostraram o quanto a câmara na primeira pessoa pode acrescentar a uma experiência de terror, de onde se destaca PT, a famosa demo do entretanto cancelado Silent Hills.

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Esta mudança tem naturais implicações no combate, que é mais simples, mas também mais satisfatório que no passado. Os disparos têm um impacto fantástico, e dão importância a cada bala disparada - o que convém, considerando que as munições são escassas. O comportamento das armas é também bastante realista, tal como é o facto de Ethan não ser um combatente, o que influencia elementos como o 'coice' da arma ao ser disparada. Falhar um tiro em Resident Evil 7 pode ter sérias consequências, e nós adorámos isso.

Regressando à narrativa, podemos dizer-vos que gostámos da estória, e que fomos apanhados de surpresa pela sua direção. As personagens têm importância para a narrativa, e o protagonista Ethan acaba por se tornar memorável precisamente pelo contexto da estória - é um homem comum à procura de respostas, e não um super-soldado que mata zombies com golpes de wrestling. É uma estória mais pessoal e séria, o que acrescenta ainda mais importância aos eventos do jogo.

Se há algo que lamentamos, é que não exista ainda mais estória para explorar. Para a maioria dos jogadores, Resident Evil 7: Biohazard deve durar algo como 10 horas de jogo, o que não é mau, mas também não é fantástico. Gostaríamos de ter mais algumas horas em cima do que já existe, até porque não vão encontrar muitos motivos para repetir o jogo.

Dito isto, adorámos tudo o que vimos no jogo, e em grande parte isso deve-se ao novo motor gráfico da Capcom, RE Engine. O detalhe das personagens e dos cenários é impressionante, e a produtora soube utilizar bastante bem o jogo de sombras que a iluminação do novo motor permite. Um exemplo simples, mas eficaz, é o de uma sala em que a única fonte de iluminação está por cima de uma ventoinha a girar no teto. O resultado é um efeito de luz e sombras na sala que é genuinamente inquietante.

Esse sentimento de inquietação é espalhado pelo resto do jogo, e não apenas pela qualidade gráfica do motor. Este é um ambiente completamente virgem para Resident Evil, que neste caso combina o normal e o mundano, com o bizarro e inquietante. Na casa da família Baker vão encontrar indícios de algo parecido com uma vida normal, como troféus escolares, fotografias, camas limpas, e lembranças, mas tudo isso está agora misturado com horríveis cenas de violência e uma misteriosa gosma preta.

Adorámos Resident Evil 7, mas nem tudo é perfeito. Por vezes, ao mudarmos de sala, reparámos em algumas texturas que demoraram a carregar corretamente, o que quebra de imediato a imersão do jogador - algo essencial para esta experiência de jogo. Não acontece com frequência, mas quando acontece destaca-se com facilidade. Outro problema envolveu um confronto com um boss, que nos pareceu muito pouco polida. E se tomarem atenção aos diálogos, também vão reparar numa falta de sincronização entre as falas e as animações faciais das personagens, o que também nos distraiu da experiência. Por último, há que mencionar os longos ecrãs de loading, embora não sejam muito frequentes. Estes problemas são chatos, mas existe a vantagem de que podem ser corrigidos através de atualizações, por isso fica essa esperança.

Antes de terminarmos temos de mencionar a versão PSVR, que permite jogar todo o jogo em realidade virtual. Os segmentos que experimentámos impressionaram-nos, sobretudo graficamente, embora seja necessário realçar que jogámos Resi 7 na PS4 Pro. Os controlos funcionaram bem e até existem definições para ajustarem as velocidades de movimento. Nunca nos sentimos enjoados a jogar esta versão de Resi 7 para a realidade virtual, mas como quase todos os jogos para o PSVR, isso depende muito da própria pessoa.

Com Resident Evil 7: Biohazard a Capcom quis começar de novo, incorporar muitas ideias e conceitos frescos a uma série que tinha perdido o rumo. O terror atmosférico e psicológico de Resident Evil é brilhante, e tudo está ligado a uma estória com impacto e imersão. Não é um jogo perfeito, mas podemos finalmente afirmar que este é um regresso de Resident Evil a uma grande forma. Agora resta esperar que a Capcom saiba aproveitar esta nova fórmula, ao contrário do que aconteceu com Resident Evil 4.

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09 Gamereactor Portugal
9 / 10
+
Excelente qualidade visual. Iluminação soberba. Atmosfera assustadora e inquietante. Boa jogabilidade. Referências ao passado da saga.
-
Algumas texturas demoram a carregar. Não é tão grande quanto desejaríamos. Loadings enormes.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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