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Xbox One "Somos a segunda consola mais vendida em Portugal"

André Cardoso fala do mercado nacional, localização de jogos para português, novo Dashboard, a importância do Windows 10, produtoras nacionais e muito mais.

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Há um ano conversámos com André Cardoso sobre o lançamento da Xbox One em Portugal, onde ficou clara a vontade da Microsoft em mudar a imagem da marca. Agora voltámos a sentarmos-nos com o responsável do departamento Xbox em Portugal, para uma conversa direta e franca sobre vários tópicos ligados à consola e não só. Em jeito de balanço para os primeiros 12 meses da Xbox One em Portugal, André Cardoso revelou-se agradado com os objetivos cumpridos, mas admite que ainda há muito trabalho pela frente.

"Foi um ano positivo para a Xbox, uma marca que já não estava presente na mente de muitos jogadores portugueses e que voltou a estar. Ao que contrário do que se disse há um ano, que partíamos atrasados em relação à nossa concorrência mais direta, a verdade é que conseguimos ganhar alguma visibilidade e algum posicionamento no mercado e isso reflete-se com a nossa presença nas lojas."

"O objetivo que traçamos, de nos afirmarmos como consola número 2 em Portugal, foi conseguido. Mesmo há um ano ficámos um pouco acima da Wii U e este ano fiscal também está a correr nesse sentido. Somos a segunda consola mais vendida [na nova geração], e ainda temos muito para caminhar, mas estamos mais consistentes e somos bem mais visíveis do que éramos há dois e três anos atrás."

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A Microsoft chegou a Portugal a 5 de setembro de 2014 e teve direito a um evento especial na Fnac do Centro Comercial Colombo, em Lisboa.
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Os portugueses habituaram-se desde cedo a acederem aos seus jogos através de outros idiomas, uma realidade que ainda não desapareceu totalmente do mercado, mas que começa a mudar. André Cardoso reconheceu a importância da localização para português, admitindo que ainda não é possível realizar esse esforço para todos os jogos, como foi o caso de Halo 5: Guardians.

"Para chegarmos onde estamos agora, foi preciso um trabalho de bastidores importante, ao nível da localização, por exemplo. Sempre que possível tentamos localizar os jogos em português, e até o último Forza já está também em português. Temos trabalhado em pontos que achamos importantes para o consumidor se identificar com o produto."

"Halo 5: Guardians não está em português porque ainda não temos massa crítica suficiente para atingir esse ponto. É algo que estamos a tentar e até estamos a fazer uma integração maior com a entrada do Windows 10. A partir do momento em que começarmos a ganhar uma escala em termos de sistema operativo unificado entre várias plataformas, neste caso o PC e a Xbox One, vamos passar a ter mais funcionalidades em português."

"A localização não é um ponto do qual estejamos a abdicar, pelo contrário, queremos continuar a ganhar relevância no mercado para termos a massa crítica suficiente para cumprir esses objetivos. Há custos associados a um esforço desses, e queremos agradar os fãs, mas também é preciso garantir o equilíbrio com a rentabilidade de forma a que marca seja sustentável no mercado português."

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Dia 12 de novembro será um dia importante para a Xbox One, que será finalmente atualizada para o novo Dashboard, o Windows 10 e a retro-compatibilidade. André Cardoso promete surpresas relacionadas com a localização para português, e explicou-nos a importância que a ligação entre Windows e Xbox pode trazer aos consumidores.

"Algumas funções do novo Dashboard já vão estar em português, e estamos a guardar surpresas, porque há duas funções que ainda não estão confirmadas e que só vamos revelar mais próximo de dia 12. Gostava de guardar essa surpresa para dias dias antes da chegada do Dashboard. Quando lançamos a Xbox One, afirmamos que era uma consola preparada para o futuro e isso está a confirmar-se com o novo Dashboard."

"A Xbox One é muito importante para a Microsoft na parte do entretenimento e do 'gaming'. A extensão do Windows 10 para a consola é um pilar determinante, porque vai permitir algo que nunca foi possível até hoje - a possibilidade de jogar em duas plataformas distintas, neste caso PC e Xbox One, em simultâneo. Isso é uma revolução gigante, porque se olharmos para os últimos dados, os videojogos no PC têm ultrapassado largamente os números de consolas. Vamos unificar dois mundos e ganhar o respeito e a admiração de mais jogadores. Penso que esta unificação de plataformas é a direção que o mercado está a tomar, seja para PC, consolas ou mobile."

Uma das características mais interessantes da Xbox One é a computação em Cloud, que em teoria permitirá ter jogos com pormenores muito superiores ao que é possível com o hardware de uma consola.

"O Crackdown 3 a correr através da Cloud é o equivalente a ter 20 consolas a processar o jogo, com um detalhe gráfico impressionante. Os Forza e o Titanfall já têm muitas funções a correr através do Azure, que é a nossa plataforma de servidores, e que permite uma computação sem precedentes. O que estamos a contar com Crackdown 3 é ter o equivalente a 20 processadores a correrem o jogo, o que permite um nível de detalhe tremendo. Se olharmos para a computação em nuvem, a integração do Windows 10 na Xbox One e a ligação entre a consola e o PC, são funções que vão permitir quebrar limites que até agora estavam impostos nos videojogos."

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Halo 5: Guardians, Rise of the Tomb Raider e Forza Motorsport 6 são três exclusivos da Xbox One este Natal.

Dia 12 de novembro marca também a integração da retro-compatibilidade, que permitirá jogar títulos de Xbox 360 na Xbox One. Para André Cardoso, isso é uma vantagem clara em relação à PlayStation 4.

"Falando sobretudo a nível pessoal enquanto jogador, penso que a retro-compatibilidade é uma grande vantagem. Existem vários jogos que gosto de revisitar de Xbox 360 e não só. A popularidade dos emuladores mostra que as pessoas gostam de revisitar jogos, e também gostam de poder continuar a usufruir do investimento que fizeram em jogos das gerações anteriores. Penso que é um grande benefício, sobretudo para quem já é jogador há bastante tempo. Tenho um sentimento saudosista em relação aos videojogos, desde que não me peçam para voltar a jogar Match Day [risos]."

"O ano passado conseguimos ter um ano fortíssimo com a Xbox One, e este ano ainda estamos mais fortes. A isso ainda juntamos o catálogo da Xbox 360. Os primeiros anos das consolas costumam ser algo lentos, mas acho que o nosso até está a ser bastante rápido e penso que chegamos a este Natal com uma oferta muito boa, e quem quer jogar, sabe que é na Xbox One que vai encontrar a melhor oferta e a melhor experiência. Corrigimos a estratégia que tínhamos inicialmente, e hoje estamos completamente virados para os jogadores."

"A entrada do Phil Spencer foi muito importante para isso, porque ele próprio é um jogador. A visão que está a tentar implementar é uma de oferecer a melhor experiência de jogo aos jogadores, e sem querer estar a citar a concorrência, e penso que é um objetivo que é partilhado também por Sony e Nintendo. O Phil está a fazer um excelente trabalho e está com o foco no sítio certo."

A visão original da Xbox One englobava o Kinect como peça indispensável da experiência, uma realidade que mudou quando a Microsoft anunciou que a consola passaria a ser comercializada em o acessório. Para André Cardoso, isso não significa que o Kinect esteja acabado.

"Não desistimos do Kinect, até porque ainda estamos a vender bundles da Xbox One com o Kinect. Realizámos estudos a nível mundial que indicam que os maiores índices de satisfação dos jogadores de Xbox One vem dos que têm acesso à experiência total com o Kinect. Por exemplo, em casa eu tenho Kinect, e além de todas as funcionalidades de entretenimento, ajuda-me com o acesso dos meus filhos à consola. Cada um tem uma conta na Xbox One, com restrições sobre o que podem fazer na consola. Não conseguem jogar muitas horas, não podem aceder conteúdo acima dos oito anos, e é tudo feito pelo Kinect que os reconhece. Também tenho família fora do país, e utilizamos o Kinect para falarmos via Skype, porque a câmara segue o movimento e a voz e oferece uma excelente qualidade. Com o Kinect consigo tirar muito mais proveito da minha experiência na sala de estar."

Virando baterias noutra direção, André Cardoso fez questão de realçar a qualidade e o esforço do departamento liderado por Miguel Vicente, que realizou já duas edições do Game Dev Camp, um evento que reúne vários produtores portugueses debaixo do teto da Microsoft.

"O Game Dev Camp está envolvido na área do desenvolvimento, do Miguel Vicente, mas é algo que queremos manter e penso que foi uma aposta ganha pela equipa dos produtores. Este ano foi a segunda edição e teve ainda mais pujança que o ano passado. É algo que não olha apenas para o espaço Microsoft e Xbox, mas para toda a comunidade de produtores portugueses, por isso acredito que é algo muito positivo para a nossa indústria. Aliás, penso que o Miguel Vicente já está a trabalhar em tornar a próxima edição ainda mais forte. Além disso também queremos ter mais jogos portugueses na consola. Já temos o Quest of Dungeons, do David Amador, na Xbox One, e temos outro também já na forja que ainda não posso revelar."

"Acho que existe muito talento em Portugal ao nível da produção de videojogos, mas ainda estamos a dar os primeiros passos. Existe talento, originalidade e vontade, mas não é possível mudar tudo em dois ou três anos, mas estamos a caminhar na direção certa. Basta ver que tivemos mais jogos produzidos em Portugal nos últimos dois anos que nos 20 anteriores."

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HoloLens tem impressionado em todas as demonstrações ao público.

Embora reconheça a importância da indústria portuguesa, a Microsoft decidiu não marcar presença na nova edição do Lisboa Games Week. André Cardoso explicou-nos porquê.

"Este ano optámos por saltar o Lisboa Games Week devido a uma série de circunstâncias internas. De momento estamos focados em melhorar bastante a nossa execução nas lojas, e isso implica investimentos e esforço grande da nossa parte. O ano passado foi uma boa experiência, mas infelizmente este ano tivemos de optar por outras prioridades, porque não conseguimos estar em todo o lado. A marca está um pouco mais forte e optámos por dar primazia à execução em loja. É bom ver que agora, ao entrar numa Fnac, numa Worten ou num Media Markt, já encontramos espaços decentes que representam bem a marca. Infelizmente, para conseguirmos isto, tivemos de deixar cair a Lisboa Games Week. Esperemos que para o ano possamos estar novamente presentes, até porque não temos nada a apontar à Lisboa Games Week, antes pelo contrário."

Um dos tópicos mais quentes para 2016 será a tão aguardada chegada da realidade virtual aos videojogos, embora muitos mostrem ainda desconfiança quando ao impacto que a nova tecnologia poderá ter.

"Não tenho uma bola de cristal para perceber como será a realidade virtual, mas a nível pessoal eu gosto muito de estar com o meu comando no sofá a olhar para a televisão. Penso que será mais um segmento dos videojogos, quando a ser moda ou não, só o futuro o dirá. Tenho muitas dúvidas que substitua os videojogos como os conhecemos, penso que será simplesmente um complemento."

A terminar a entrevista, André Cardoso falou ainda do HoloLens, a impressionante tecnologia de hologramas que a Microsoft está a trabalhar, mas preferiu não se alongar sobre o tema.

"Tudo o que sei sobre o HoloLens é o que está disponível na Internet para as outras pessoas. Acho que tem potencial, mas prefiro não me alongar muito sobre o HoloLens. A única coisa que posso dizer é que os Kits de desenvolvimento devem começar a chegar no início de 2016. Acho que vai trazer muita inovação, mas vou deixar mais comentários sobre o HoloLens para outras núpcias."

Xbox One "Somos a segunda consola mais vendida em Portugal"
André Cardoso é o responsável pelo departamento da Xbox One em Portugal.


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