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Switch - A Nova Loucura da Nintendo

O conceito da nova consola é de gente louca ou brilhante?

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Diz-nos o senso comum que só existem três formatos de plataformas para jogar videojogos: estacionário (consolas, PC, arcade), portátil (PS Vita, Nintendo 3DS), e móvel (smartphones, tablets). Misturar os três conceitos num só seria algo de loucos, certo? Tão louco como dizer que a Terra era redonda no século XVII. O conceito em si parece utópico - uma consola caseira que pode facilmente transitar para um formato portátil -, e muitos dirão que é impossível realizar este conceito sem abdicar de demasiados elementos importantes, que tentar fazê-lo é uma loucura. É então esse o maior desafio que se coloca à Nintendo, provar que esta sua ideia não é louca, mas antes brilhante.

Para já é impossível tentar responder a essa pergunta, em grande parte porque a Nintendo está a ser muito vaga em relação à Switch. O conceito foi apresentado, tal como o design da consola, através de um trailer, e depois foram revelados outros pormenores aqui e ali, mas muitas questões permanecem sem resposta. Uma das mais pertinentes prende-se com o poder e a capacidade da própria consola. Sabemos que tanto o processador, como o GPU, foram produzidos pela Nvidia. O processador é uma versão personalizada do Tegra (normalmente associado a tablets), enquanto que o GPU corresponde a uma das versões mais avançadas da placa gráfica GeForce. De resto, não existem informações oficiais, apenas rumores. A grande questão que se coloca portanto é: que tipo de jogos consegue a Switch correr?

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Se estivermos a falar de uma consola com poder para rivalizar com a PS4 e a Xbox One - essencialmente capaz de suportar o mesmo leque de jogos de editoras externas, a Switch ganha acesso a um mar de experiências que faltaram na Wii U. Jogo como The Witcher 3: Wild Hunt, Batman: Arkham Knight, Assassin's Creed: Syndicate... tudo jogos que muito dificilmente poderiam ser adaptados à Wii U. Se a Switch conseguir fazê-lo, correr esses jogos de editoras externas de forma semelhante ao que fazem PS4 e Xbox One, será muito mais fácil garantir esse apoio vital das Electronic Arts, Ubisofts, e Activisions deste mundo. Aliás, estas editoras já manifestaram o seu apoio, mas também o fizeram à Wii U e depois correu como todos sabemos.

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Além do poder da consola, é necessário perceber como funciona realmente a experiência portátil. Quanto tempo dura a bateria? Existe alguma perda de qualidade ou desempenho na transição para o formato portátil? O ecrã é tátil (se não for perde de imediato acesso a inúmeras experiências que pode ir "roubar" ao formato móvel)? Estas perguntas continuam por responder por parte da Nintendo, e até serem esclarecidas, é difícil perceber que tipo de experiência portátil pode a Switch oferecer.

Já sabemos contudo que a Nintendo Switch está toda virada para os videojogos, e que não pretende competir com a experiência "premium" de sala de estar que Microsoft e Sony prometem com a PS4 Pro e a Scorpio. Sem suporte para discos, a Nintendo Switch torna-se incapaz de correr filmes em DVD ou Blu-Ray, o que basicamente obriga a adquirir outro tipo de equipamento separado para quem quiser ter essas experiências. Possivelmente será capaz de correr vídeos via streaming ou em formato digital, mas mesmo isto é uma suposição. Também não sabemos nada em relação ao sistema operativo e às funções online da consola.

Outra questão prende-se com o tipo de experiências únicas que pode proporcionar. Tanto Wii, como Wii U, distinguiram-se das outras consolas porque podiam oferecer experiências que as outras não conseguiam - mais a Wii que a Wii U, visto que o GamePad nunca cumpriu o seu potencial. Será que este novo formato vai permitir mais experiências únicas e originais? Para já, não sabemos. Sabemos no entanto que a Switch será compatível com os Amiibo, mas não até que ponto. Também sabemos que não será retro-compatível, pelo menos ao nível do formato físico. Os discos de Wii e Wii U não podem ser inseridos na consola, e a Nintendo já confirmou que a os cartões de 3DS também não serão compatíveis. Ou seja, a única hipótese de retro-compatibilidade é digital, mas ainda não foi confirmada.

Considerando tudo isto, para quem é a Nintendo Switch? Numa primeira análise, é para o mercado japonês (onde adoram experiências portáteis), para quem viaja muito, e para quem tem filhos. Mesmo sem termos as respostas às perguntas supracitadas, é fácil perceber o tipo de apelo que a Switch pode ter para estes públicos - embora o preço também possa desempenhar um papel importante nestas situações. Restam os outros jogadores. Será a Switch capaz de oferecer uma experiência de jogo suficientemente aliciante interessante para o jogador (perdoem-nos a expressão) "hardcore"? Será realmente uma alternativa válida para quem quer jogar FIFA, PES, Call of Duty, Battlefield, Dark Souls, e todas as outras experiências que associamos a este tipo de jogador? Infelizmente, não sabemos.

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A Nintendo Switch é algo novo, um conceito que pode ser brilhante ou utópico, mas seja o que for, é também arriscado. Talvez esse fosse o único caminho possível para a Nintendo seguir, o de continuar a distanciar-se da PS4 e Xbox One, que adoram atirar chavões como resolução 4K, HDR, e realidade virtual. Enquanto não sabemos se a Switch é uma aposta ganha ou perdida, podemos e devemos no entanto reconhecer a capacidade de inovação e a coragem da Nintendo. A editora tem tentado, desde que terminou a geração da Gamecube, apresentar ideias novas e frescas aos seus jogadores, seja com a incorporação de um 3D que não requer óculos, comandos com sensores de movimento, ou uma consola ligada a um tablet com analógicos e botões. Alguns tiros foram certeiros, outros saíram ao lado, mas pelo menos devemos esse obrigado à Nintendo por continuar a apostar em algo diferente e peculiar. Esperemos agora que a nova ideia se revele brilhante, e não louca.

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