Português
Gamereactor
especiais

Nintendo Switch - Análise

É a consola mais flexível - e potencialmente a melhor portátil - de sempre, mas isso acarreta os seus custos.

HQ
HQ

No que respeita a consolas domésticas, a Nintendo não parece conseguir ter dois sucessos seguidos. A Nintendo 64 foi um sucesso, mas a Gamecube foi uma desilusão (injustamente, diga-se). Depois veio a Wii, que tomou o mundo de assalto, mas todo esse gás dissipou-se rapidamente com a Wii U, um dos maiores erros da companhia. E agora chega a Nintendo Switch. Enquanto a concorrência, Sony e Microsoft, apostaram forte no entretenimento doméstico, numa evolução direta das suas consolas anteriores, a Nintendo optou por seguir um rumo diferente - como tem sido aliás o seu mote.

A Nintendo Switch é a primeira consola genuinamente híbrida de raiz, conseguindo funcionar como consola doméstica, portátil topo de gama, e até uma espécie de tablet se necessário. É dispositivo com um conceito inteligente e elegante, arrojado até, que lhe permite assumir uma posição que mais nenhum dispositivo do mundo consegue ocupar. A Nintendo Switch é única no seu conceito, e é também a consola mais flexível que já vimos. Mas isso tem os seus custos.

A Nintendo Switch é uma consola de compromissos. Os Joy-Con são inovadores, com um design impressionante, mas para jogabilidade tradicional ficam ligeiramente aquém dos comandos da concorrência e do próprio comando Pro da Switch (vendido em separado por um preço alto). Por outro lado, uma máquina do tamanho da Switch - e com um preço de 300 euros -, só consegue conter poder até certo ponto. Enquanto não sabemos exatamente o que está dentro da consola, só podemos seguir o exemplo do seu jogo mais exigente até ao momento - The Legend of Zelda: Breath of the Wild, e seguindo esse exemplo, parece claro que a Nintendo Switch está vários furos abaixo da capacidade gráfica de PS4 e Xbox One (e estamos a falar das versões originais dessas duas consolas).

Publicidade:

O mesmo pode ser dito da memória interna, limitada a uns constrangedores 32 GB. Esta capacidade é quase absurda para os tempos que correm, quando a concorrência inclui um mínimo de 500 GB, e afeta inclusivamente o propósito portátil da consola, já que supomos que a maioria irá preferir carregar versões digitais dos seus jogos do que vários cartuchos consigo. Felizmente existe a hipótese para aumentar a capacidade de armazenamento da consola com cartões microSDXC, mas a consola devia incluir maior capacidade logo de origem.

Outro compromisso de design da consola prende-se com a localização da entrada do transformador de energia, na parte inferior da Switch. Isto é necessário para a consola encaixar na base que liga à TV, mas limita as opções em termos de portabilidade. Se estiverem a carregar a consola em modo portátil não a podem colocar em cima de uma superfície, por exemplo.

Todos estes compromissos servem no entanto um propósito, uma ideia de design inovadora, e nesse respeito a Nintendo Switch é genial. A base que liga à televisão é pequena, e a transição entre os dois modos é impressionante. O encaixe da Switch à base é facílimo, e a transição entre a imagem da TV e o ecrã é instantânea. Quanto à consola propriamente dita, em versão portátil, é impressionante. Tecnicamente parece-nos ser com larga vantagem a portátil mais poderosa de sempre, capaz de correr pelo menos jogos ao nível de Wii U, PS3, e Xbox 360, e até potencialmente melhores. Este feito por si só é já impressionante.

O design é depois bastante elegante, fino, e leve, e encaixa perfeitamente nas mãos dos jogadores com os dois Joy-Con inseridos. Imaginem uma versão maior e superior da PS Vita (a portátil mais semelhante) para terem uma ideia da capacidade da Switch em modo portátil. E depois temos aquele lindo ecrã de 6.2 polegadas, com resolução de 720p e capacidade tátil. Podem pensar "só 720p?", mas a verdade é que é perfeitamente suficiente para manter uma imagem limpa num ecrã daquele tamanho. Quanto ao design geral em termos de entradas e botões, à excepão da entrada de alimentação na parte inferior da consola, é bastante prática e funcional. Inclui ajustamentos de volume e brilho, entrada fácil para os jogos em cartões de memória, suporte para fones de ouvido com entrada jack, e bons dissipadores de calor (a consola nunca aqueceu nas nossas mãos). Nota ainda para o suporte que permite pousar a Switch em superfícies planas, e que é fantástico.

Publicidade:

Outros elementos vitais para uma consola portátil é a bateria e a sua capacidade de suportar a luz solar direta. A primeira segue exatamente o que a Nintendo avisou. A jogar The Legend of Zelda: Breath of the Wild registámos tempos superiores às 3 horas seguidas de jogo apenas com a bateria. Relativamente à capacidade de suportar luz solar direta, pareceu-nos bastante interessante. Obviamente que não há milagres, e se tiverem um sol forte a bater diretamente no ecrã, podem ter algumas dificuldades de visionamento, mas no geral cumpre bem neste requisito.

Nintendo Switch - AnáliseNintendo Switch - AnáliseNintendo Switch - Análise
Nintendo Switch - AnáliseNintendo Switch - AnáliseNintendo Switch - Análise

Continua na página seguinte

HQ

Quanto à interface, pareceu-nos estar milhas à frente da Wii U aquando do lançamento. É elegante e extremamente veloz, a consola liga-se rapidamente, o modo de descanso funciona bem (ligam e está pronto a jogar de onde pararam), e navegar os menus é intuitivo. De notar ainda que a consola está totalmente localizada para português de Portugal. Claro que tudo isto é relativamente às escassas opções disponíveis, e nesse aspeto a Nintendo Switch é bastante desapontante. Para começar, não suporta qualquer tipo de multimédia, ou qualquer serviço de vídeo streaming como o Youtube ou o Netflix. Também não inclui qualquer aplicação social ou de transmissões, como o Twitch, o que parece inacreditável nos dias que correm. E embora permita guardar imagens de jogabilidade, não inclui qualquer opção para gravar vídeos. É francamente escasso para uma consola moderna.

A boa notícia e que a maioria destas funções em falta podem ser inseridas mais tarde via atualizações, mas temos de analisar o que temos neste momento, e neste momento, é pouco. Outra dúvida reside na capacidade do serviço online da consola, que será pago pela primeira vez na história da Nintendo. Também aqui a consola aparenta estar vários furos abaixo da concorrência, já que não suporta capacidade para comunicação por voz. Isto só será introduzido mais tarde, e será feito através de uma aplicação para dispositivos smart. Mais uma vez, é uma função que deveria estar incluída na consola e de origem, sobretudo no panorama atual.

E depois temos os Joy-Con, duas pequenas maravilhas que acompanham a consola. O seu design é brilhante, e oferece uma flexibilidade sem paralelo. Podem servir como comandos da versão portátil inseridos nos lados da consola, como um comando tradicional se estiverem inseridos no suporte que está incluído no pacote, e como um comando partido em dois, enquanto seguram um Joy-Con em cada mão. O seu apelo para jogos multijogador é também tremendo, já que cada Joy-Con pode funcionar como um comando individual para jogos menos complexos em termos de controlos, como Mario Kart 8 (para jogos que necessitem dos dois analógicos, como Splatoon 2, já não será possível). Em cima de tudo isto, os Joy-Con incluem ainda sensores de movimentos, e uma nova tecnologia incrível de vibração. Os sensores funcionam extremamente bem em jogos como Arms, enquanto que a vibração é precisa ao ponto de conseguir simular o posicionamento de várias bolas dentro do pequeno dispositivo, por exemplo.

Enquanto comando tradicional, para jogos que requerem dois analógicos, os Joy-Con ficam aquém de outros, como já referimos, mas isso não retira qualquer mérito à originalidade de design e tecnologia de ponta que está ao serviço destes pequenos, mas confortáveis comandos.

Alguns jogadores perguntam se a Nintendo Switch é melhor ou pior que PS4 e Xbox One, mas essa é a pergunta errada porque o seu conceito é demasiado diferente. A pergunta certa é "para quem é a Nintendo Switch", e é isso que vamos responder em baixo.

Quero uma consola que possa levar comigo.
Bem, neste caso só têm mesmo uma opção - a Nintendo Switch. Esse conceito híbrido funciona bastante bem, e à parte do cartão de memória com maior capacidade, têm tudo o que precisam no pacote para desfrutarem dessa experiência híbrida que só a Nintendo Switch oferece.

Quero uma consola portátil topo de gama.
Mais uma vez, a resposta é a Nintendo Switch. Em termos tecnológicos, a Switch é muito superior à Nintendo 3DS (embora não inclua algumas das suas funções, como o ecrã duplo e o 3D), e à PS Vita da Sony. Se incluírem aplicações multimédia como esperamos, a Switch será uma consola portátil estupenda.

Quero uma consola para jogar com amigos localmente.
Enquanto outras consolas estão viradas quase exclusivamente para o online, a Switch inclui muitas opções para quem quer jogar com amigos localmente. A consola pode ligar-se facilmente com outras Switch, e a opção para usar os Joy-Con como comandos separados é brilhante. Além disso existe grande potencial para "party games", como é disso exemplo o 1-2-Switch.

Quero uma consola doméstica topo de gama
É neste campo que a Nintendo Switch fica aquém da concorrência. Se querem desfrutar dos jogos tecnologicamente mais avançados na sala de estar, ficarão melhor servidos com PS4 ou Xbox One, sobretudo se têm uma televisão 4K. Sem hipótese para leitura de discos DVD ou Blu-Ray, com uma capacidade técnica aparentemente inferior, e a ausência de várias opções multimédia que as outras incluem (incluindo a Wii U), a Nintendo Switch não pode ser encarada como a primeira escolha se o foco é sobretudo a experiência de sala de estar.

Mas esse é o verdadeiro ponto da Nintendo Switch. Não é uma consola doméstica, é antes um conceito original e inovador, que oferece algo diferente - não melhor -, que as outras consolas. É uma alternativa real ao que já existe no mercado, não mais do mesmo, e se é isso que procuram, a Nintendo Switch tem potencial para cumprir esse papel com distinção. Ainda existem várias dúvidas que têm de ser respondidas, como a real capacidade do serviço online, e o suporte das editoras externas à consola, mas é bom ver que a Nintendo tem em mãos uma máquina que pode novamente galvanizar o mercado. Quanto ao preço, a rondar presumivelmente os 300 euros, parece-nos perfeitamente adequado.

Nintendo Switch - AnáliseNintendo Switch - AnáliseNintendo Switch - Análise
Nintendo Switch - AnáliseNintendo Switch - AnáliseNintendo Switch - Análise


A carregar o conteúdo seguinte